quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Outono


Outono
Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.

Miguel Torga, Diário X (1966)

                                        

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Espreitando pela janela ....


A sensação de olhar por uma janela pode ser estranha.
O tempo necessário para que os alunos cumpram uma tarefa, realizem um trabalho, ocupo a minha mente, percorrendo caminhos, olhando em redor, fixando-me nas árvores, na rua, na estrada, ouvindo o barulho dos carros.
Do outro lado do vidro está o jardim, o cheiro a terra molhada, a erva, sinto dentro de mim  um misto de emoções, inspiro com serenidade. Uma vontade de abraçar o mundo. Mas tenho de me concentrar, é essa a mensagem que quero que o meu rosto transmita. Aproveito para por em prática uma técnica de respiração. Inspiro ... expiro .... lentamente .... outra vez. Inspiro .... expiro. Mais uma vez.
Afinal, penso, não sabemos respirar! Essa foi a esta conclusão a que cheguei, quando li, no outro dia, um dos artigos de uma revista temática, subordinada ao tema Reiki & Yoga. Terrim .... Terrim ...... Chegou ao fim. Terminou a hora, a aula acabou.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Mudança

Há uma altura da vida em que apetece mudar, parece que aquilo que fizemos ao longo de anos, que aprendemos a fazer, com interesse e dedicação, perde o encanto. Mas será que era mesmo aquilo que se queria fazer num determinado momento? Afinal de contas, são decisões tomadas ainda na adolescência, fruto de muito trabalho e empenho, para conseguir cumprir o que era solicitado, tendo o cuidado para não desiludir os progenitores, que tudo apostavam na obtenção de um diploma que permiti-se um acesso mais ou menos rápido ao mercado de trabalho.  

Penso que sim, pelo menos era essa a vontade naquela altura. Por vezes pensamos até que deixamos de gostar de fazer uma determinada coisa, instala-se a rotina, a monotonia e, damos conta, que com o passar dos dias, meses e anos, aquelas tarefas se tornam enfadonhas e pouco atrativas. Foi assim que me senti há cerca de quatro anos, altura em que decidi, fazer alguma coisa que contribui-se para uma inflexão na situação.

Nos últimos anos, e principalmente após a minha passagem pelo Centro de Formação de Alcoitão, no processo de reconhecimento e validação de competências no extinto Centro de Novas Oportunidades, tive oportunidade de trabalhar de uma forma mais próxima com populações adultas que integravam aquele processo. Essa aproximação começou a despertar em mim o gosto por acompanhar essas pessoas, descobrindo com elas um sentido para o seu percurso de vida, resultante da observação das aprendizagens, realizadas em contexto de vida pessoal e profissional. Esta passagem foi crucial para a minha mudança, que ocorreu após a minha passagem pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, foi aí que retomei os meus estudos.